Hoje de tarde, lembrei que minha mãe havia pedido pra que eu separasse o que era pra jogar fora, nesse caso, mandar pra reciclagem, pois eram apenas papéis. 3 caixas grandes de papéis. Mas não era qualquer tipo de papel. Minha vida escolar estava naqueles papéis, naquelas 3 caixas.
As caixas estavam na dispensa, na primeira prateleira, há uns 2,5 metros de altura e eu fui tentar pegá-las. Com muito custo consegui. Quase caí da escada, quase quebrei uns negócios do meu pai e quase perdi um braço. A primeira caixa estava por cima das outras e como não era nem um pouco leve e eu estava em um beco entre a prateleira e uma pilha de pneus de caminhões, peguei a caixa de mau jeito e por pouco meu braço não se vai. Apoio a primeira caixa na pilha de pneus e desço da escada, pego a caixa e levo pra fora da dispensa. Abro.
Era a caixa que estavam os livros-textos e os livros de exercícios, de todas as disciplinas. Todo ano a partir do primeiro ano do ensino médio, todo começo de ano, pegávamos uma pilha de livros que usaríamos durante o resto do ano, cada matéria tinha uma cor, minha matéria preferida, história, a capa era laranja, inglês era roxo, física era azul e por aí ia. Tinha também as apostilas, usadas em sala de aula, era uma por bimestre. No primeiro ano, a capa dessas apostilas eram azuis, no segundo ano, elas eram vermelhas. No terceiro ano, as capas das apostilas mudam um pouco, mas continuam sendo da minha cor favorita, vermelho. E a pilha de livros pra pegar no começo do ano diminui. Agora eram apenas os livros de exercícios de cada disciplina.
Vou pra segunda caixa, mais fácil de pegar que a primeira, não quebro nada e também não quase perco meu braço, mas era pesada como a primeira. Levo a caixa pra fora da dispensa e abro. Quando vejo o conteúdo da caixa sorrio. Separado em saquinhos provas, trabalhos, rascunhos, disciplina por disciplina e alguns cadernos. Pego o primeiro saquinho, disciplina: filosofia e sociologia. Provas e textos que o professor passava pra nós. Começo a recordar as aulas de filosofia e sociologia. O professor era muito tímido, tinha cara de nerd, mas era um nerd bonito, pelo menos eu achava, tinha um amor platônico por ele e quando ele me disse que fazia faculdade de matemática pra “entender a lógica” eu quase morri de emoção. O apelido dele era Cogumelo, vulgo “Cogu”, pois seu cabelo lembrava a “cabeça” de um cogumelo. Achei algumas provas que fiz, sempre desenhava cogumelos nas provas. Achei também as provas de física, inclusive uma da oitava série, na época era o Sergião quem dava física pra nós. Uma vez eu cheguei atrasada e quando entrei na sala ele estava dançando com uma sapatilha amarela da Adidas. Foi bizarro! Ele era muito divertido. No ensino médio o Cenoura era o professor de física. Ele era engraçado, costumava chamar-nos de “babies”, e chamava nossa atenção com algumas frases tipo: “Vamoo lá Irmãos!” ou o clássico “Cala boca pessoal!”.
As tragédias de matemática são um caso a parte, como eu sofria, Senhor! Química era com o Greghi e suas piadinhas e macetes pra decorar os não-metais da tabela periódica e a Cinta nos ameaçando com os “negativos” e o “vou mandar vocês pra rua!”. O Batata e suas “histórias” e “dados curiosos” nas melhores aulas de história do mundo! O Nanni com o seu “infarto no miocárdio” nas aulas de biologia.
As tragédias de matemática são um caso a parte, como eu sofria, Senhor! Química era com o Greghi e suas piadinhas e macetes pra decorar os não-metais da tabela periódica e a Cinta nos ameaçando com os “negativos” e o “vou mandar vocês pra rua!”. O Batata e suas “histórias” e “dados curiosos” nas melhores aulas de história do mundo! O Nanni com o seu “infarto no miocárdio” nas aulas de biologia.
No meio dos cadernos acho pequenos papéis com fórmulas matemáticas, apenas um “lembrete” pra ser consultado durante a prova. Era apenas um, mas já usei tanto e de tantas maneiras...sempre com descrição, claro! Códigos também eram utilizados por nos e entre nós, em momentos de “dúvidas” durante as provas. O esquema dos lugares, as trocas de provas, papeizinhos, borrachas com “informações” e claro, não poderia me esquecer do Ney, que zelava pela nossa educação e inteligência, impedindo-nos de tirarmos nossas dúvidas com os coleguinhas das carteiras da frente ou do lado. Fui lembrando tudo... Achei também os simulados que fazíamos todos os bimestres e os papéis com a pontuação que a gente fez no simulado, as carteirinhas que eram necessárias, pois tínhamos que passar pelas catracas, que só eram liberadas com as carteirinhas e nossas fotos 3X4 HORRÍVEIS!
A terceira caixa tinha apenas livros de exercícios e cadernos. Nada demais.
Como a vida era mais simples, brigas, colas, provas, amigos, professores, tudo, TUDO é mais simples e mais doce, como no dia que a professora de artes nos pediu pra levar ursinho de pelúcia, travesseiro e bombom ouro branco pra nos explicar a arte barroca.
Nayara Gutierrez diz: Adorei o seu post, meu passado tbm foi bem parecido, mesmas apostilas, simulados, livros, alguns professores.. e o que mais me assusta é que termino a facul esses ano.. e daqui um tempo vou ter a mesma saudade por ela! =D
ResponderExcluirQuantas emoções,amores e intrigas vivemos nesse tempo. A saudade bate as vezes, quando percebemos que os amigos estão longe, os professores eram mais "generosos" no colégio do que na faculdade, entre outras coisas. Foi bom relembrar dos professores que marcam nossas vidas, até mesmo quando nós nos espelhamos a eles. Amei o post, bom ter guardado as coisas boas. (L)
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