terça-feira, 22 de novembro de 2011

Aqueles olhos no espelho


Aqueles olhos marrons refletidos no espelho não eram simplesmente olhos marrons, eram pequenos e carregados de incertezas, insegurança, sobre tudo, medo. Ao olhar naqueles olhos, mergulhei em uma vida, um passado, sem fortes emoções, mas que estava vivo, e queria aparecer, prevalecer. Quantas vezes aqueles olhos refletidos no espelho chorou, problematizou, indagou, percebeu, viu, não viu, gostaria de ter visto, quantas vezes, mas no fim, eles se fechavam, e por horas ficavam ali, fechados até o despertador os forçar a abrir. E ali começava mais um dia de angustias, anseios e perguntas que até então não tinham respostas, pois o medo não os deixa encontrar, enxergar. Ele se destacava, dominava aqueles olhos refletidos no espelho, e não os deixava enxergar muito alem do que é permitido. Uma cadeia. Preso ali, quando aqueles olhos ganharam a sua tão merecida liberdade, o mundo era mais colorido e afetuoso, os olhos marrons que antes refletiam medo, insegurança agora refletem certeza, segurança e domínio sobre si mesmo. As perguntas continuam sem respostas, mas o olhar em buscas dessas respostas agora não excita em procurar por elas. Agora sem medo, aqueles olhos olham pra frente e anseiam por respostas, respostas que nem sempre são felizes, mais ainda sim, são respostas.