Hoje contarei pra vocês a história de uma menina que se chama Ana Julia.
Ana Julia nasceu com as orelhinhas amassadas, sem cabelos e com os olhos claros. Primogênita. Querida e aguardada por todos de sua família. Ana Julia brincava, corria gritava, caia, sangrava, chorava, como qualquer criança que começara a descobrir o mundo. Gostava muito de brincar com água, caçar minhocas no fundo do quintal, brincar de médica, professora ou de casinha com sua avó. Entrou na escola com 5 anos, tinha muitos amiguinhos, e ali, já começavam a aparecer sua personalidade forte, mandona, companheira e arteira. Com 6 anos mudou de escola e começou a 1° série. Chorou muito no começo, não queria ficar ali sem sua mãe e com pessoas que não conhecia, mas durante a manhã, ela foi se acalmando, conversando com outras crianças e no recreio, comeu seu lanche com uma menina que seria sua melhor amiga até os dias de hoje. Confiava muito em suas amigas, e quando adolescentes, adoravam ficar conversando sobre garotos. Ana Julia gostava de um garoto que era muito tímido, muito estudioso e engraçado. Eram amigos até o dia que uma de suas “confiáveis” amigas disse a ele que Ana Julia gostava dele. A amizade acabou e a confiança também. A partir deste dia, ela passou a não confiar com plenitude nas pessoas, com exceção de sua melhor amiga, que nunca dera motivos para isso. Passou a adolescência. Com 17 anos foi morar fora para estudar. E mais uma vez chorou, pois não queria estar ali sem a sua mãe naquela cidade estranha com pessoas desconhecidas. Fez amizades que tem certeza que levará para a vida, mais também se decepcionou e chorou por amizades que se acabaram. Ana Julia quebrou a cara e perdeu a confiança nas pessoas mais uma vez. Descobriu que era feita de palhaça por elas e decidiu que o que antes era doce, ingênuo, inocente e medroso, agora passaria a ser amargo, frio, calculista e corajoso. Pensaria menos e agiria mais. Transformaria o medo em novas descobertas. Ana Julia, perto de completar 20 anos, se descobriu uma menina poderosa, sem ter medo de arriscar, nem de botar nada a perder. Antes doce, ingênua, inocente e medrosa. Agora, poderosa.
Essa história continua...